Fundado em 1345 por iniciativa de D. Maria Mendes Petite, relevante senhora da sociedade portuguesa do século XIV, quando na Igreja universal se sucederam os papas Clemente VI e de Inocêncio VI e na monarquia portuguesa governaram os reis D. Afonso IV e D. Pedro I, o Corpus Christi de Vila Nova de Gaia foi um Convento da Ordem de São Domingos, dos raros que na sua vertente feminina se construíram em Portugal durante a Idade Média.
Os documentos fundacionais chegados aos nossos dias registam que a piedosa senhora "ao louvor e honra e serviço do Corpo de Jhesus Christo fezera e ordinhara e fundara e edificara casa e moradas e casa santa de egregia pera se fazer officio divino em Vila Nova de de Gaya”. E pela instituição, assim lançada ao futuro, passaram inúmeras gerações de religiosas dominicanas, que mantiveram vivo o espírito das origens durante mais de cinco séculos. Até 1894, quando faleceu a última religiosa que havia professado na casa conventual antes do decreto de 1834, acto governativo que extinguiria as Ordens Religiosas.
O conjunto arquitectónico veria renovado o seu papel na sociedade portuguesa ao ser destinado à educação e reinserção social, primeiro, e ao acolhimento de diferentes serviços da Autarquia, depois. Entidade que lhe mantém viva e actual, nos dias de hoje, a missão de serviço público.
Neste lugar evocam-se alguns dos momentos mais marcantes de uma instituição com uma história larga de séculos e fascinante nas muitas vidas que logrou tocar. História não raro associada a figuras heróicas de alguns dos acontecimentos mais extraordinários do percurso da comunidade nacional, que povoam o imaginário colectivo, alimentam os afectos que irmanam em ampla fraternidade, e desafiam a olhar o futuro com renovados sentimentos de esperança. João Soalheiro