segundas e sábados: 15:00h - 19:30h
terças, quartas, quintas e sextas-feiras: 10:00h - 12:30h e 15:00h - 19:30h
Após a primeira exposição individual do artista Pedro Quintas na Galeria Belo-Gasterer e dando continuidade ao trabalho apresentado em Maio de 2018 naquele espaço, a Galeria Fernando Santos apresenta a exposição “O resto é a sombra”, dos seus trabalhos mais recentes.
Após a primeira exposição individual do artista Pedro Quintas na Galeria Belo-Gasterer e dando
continuidade ao trabalho apresentado em Maio de 2018 naquele espaço, a Galeria Fernando
Santos apresenta a exposição “O resto é a sombra”, dos seus trabalhos mais recentes. No espaço
da exposição somos confrontados com mais de dez pinturas de acrílico sobre tela, formatos
rectangulares de diferentes dimensões. Nestas obras, sobressai a cor e a geometria dos padrões e
sinais coloridos apresentados. Esses traços dominantes levam-nos a considerar os modernistas,
sobretudo da Bauhaus, com as suas predileções pelo estudo e análise da cor e forma, de
organização formal hierarquizada. No seu tratado sobre as cores (1929)1, por exemplo, Kandinsky,
professor da Bauhaus de 1922 a 1933, afirma que as cores primárias têm a sua correspondência
formal em determinadas formas geométricas: o amarelo no triângulo, o vermelho no quadrado e o
azul no círculo. Tanto como esta teoria de Kandinsky seguia sobretudo intuições pessoais e
colectivas, e não necessariamente razões científicas, a escolha de cores e formas acaba sempre
por ser algo que segue padrões estéticos e de aculturação estri- tamente pessoais. Estas
considerações no caso das pinturas de Quintas impõem-se, e sempre existiu, uma vontade de
geometrização; em algumas destas telas encontramos um mesmo padrão que ziguezagueia pelas
telas, contrastando com o fundo.
Como por exemplo em “Vai, vai onde o acaso te leva” – a interpelação é sublinhada pela força do
contraste entre o verde saturado e o cinza mate, e a ideia do passeio, do vaguear pelo mundo –
“onde o acaso te leva” – que podemos encontrar no verde, representante de paisagem... Nesta obra,
como em tantas outras da exposição, o título oferece-nos mais um significado, uma segunda
possibilidade de leitura e interpretação.2
A partir de obras como esta começamos a entender todas as outras em que o padrão se
desenvolve a partir da ligação entre letras, deformadas na sua forma, ou de fontes diferentes,
criando dessa forma matrizes variadas, que nem sem- pre são de clara leitura ou interpretação.
Uma charada para o observador... Há algo misterioso nesta transformação do grafismo para a
imagem – um processo de autonomização da letra, em que ela se estica, se estende, ocupando o
terreno da pintura. Cria-se um labirinto visual, reforçando desta forma o contraste entre fundo e
linhas sobrepostas, em que nos perdemos nas linhas que se tornam letras, e nas letras que se
tornam forma...
Alda Galsterer, 28 de Maio de 2018
1 Das aulas de Wassily Kandinsky na Escola Bauhaus fazia parte a aula importante „Introdução aos Elementos Formais abstractos“ (Einführung in die abstrakten Formelemente) (cit. a partir de fontes do Bauhaus-Archiv Berlin).2 Além do já referido, “Tu”,
“Nós”, “Jota” e “We never happened” são alguns dos títulos de obras desta exposição.